Ser ausente
Feliz, extravasei o meu apreço
Por tanto receber sem ter direito.
Eu sou um sonhador, tolo confesso,
Que voga sobre núvens e despeito.
E me sobra alegria, porque esqueço
A humana condição de que sou feito.
Há tanto, ao meu redor, que não mereço!...
Viver, o que é injusto, não aceito.
Não posso encobrir que tanto existe,
Teimando mergulhar a alma triste
No lenitivo, esconso, que acalente
Os sonhos bons, tomados de fugida.
São, tudo, coisas duras duma vida
Que me moldaram como um Ser ausente.
SOL da Esteva
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