
Chuva triste,
Cobre de gotas finas, frias,
O esmalte do retrato
Sobre quem eu meditava...
A terra era tão fria,
Quanto o calor do seu corpo
Que ali, na campa, jazia.
Nada de mim te lembrava,
Que, enquanto tu foste viva,
Foste a Mãe que eu amava.
Desde o Além,
Conheces quanto me tem
No pensamento,
Quanto do teu conselho oiço
Em tão profundo silêncio...
Sabe,
Sinto pulsar, aqui dentro,
A tua voz conselheira
De Amiga verdadeira
Que jamais me trairá.
Oiço-te desde a lonjura
Dum passo:
A distância que nos separa,
A vala de sepultura.
Limpei teu rosto gelado
Em busca do olhar transparente,
Para que ficasse gravado
Neste passado presente.
E em toda
A imensa tristeza
Que devora a minha Alma,
Tive a tua comunhão.
Uma gota desta chuva
Pelo mármore rolou,
Aos teus olhos se prendeu
E por lágrima ficou.
Chorei amargamente
Pela mensagem tão viva.
É Amor, estranhamente,
Após a tua partida...
Senti que iria voltar,
Procurando o teu saber,
A Amizade e o querer,
Porque eu não sei Amar.
Cruzam-se, nos céus, os caminhos
Mas eu não quero acordar
Do sono que faz viver.
Terei muito que esperar?
Qual a hora de morrer?
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