
Não sei escrever
Sobre o vazio.
O que transmitisse,
Só deixaria sofrimento e frio.
Acredito na sensibilidade,
Na compaixão,
No pensamento.
Desesperadamente,
Como o afogado,
Aperto o meu punho no peito destroçado,
Tentando encorajá-lo
A prosseguir no silêncio,
Sem denunciar a Alma.
É a voz do coração
Que ficou calado.
Não posso fazer sofrer
Quem me rodeia e estima,
Quem me ensina, sofrendo
Com um sorriso no rosto,
Os que me querem erguer
Da seara poética
Do desgosto.
Não quero escrever,
Porque só conheço a dor
Por forma de expressão!
Talvez um dia...
(Quem sabe?)
Eu sinta que tanta dor
Derive do vero Amor,
Por elo, por ligação...
Ah! Se pudesse tomar,
Discernidamente,
As rédeas
Duma vontade
Que se esconde no peito!...
Se eu souber esquecer
Os medos e os terrores,
Das ânsias que avassalam
O corpo que me tem,
Decerto aprenderei,
Bem na hora de morrer,
Tudo o que de bom deixei
E a coragem de enfrentar,
O piscar do dia-a-dia,
O vazio do social...
Mais seguro, eu saberia
Não ter sido mais feliz
Somente com o meu mal.
Não quero denunciar
O que vai na minha Alma
Por ser dor e sofrimento.
Antes,
Saberei mascarar
A vida que me sobrar
Tornando os outros felizes;
Dedicar-me-ei a eles
No sacrifício de mim.
...E o meu Apostolado
Levará a toda a gente
Um ar de graça e frescura
Que não irá terminar
Mesmo além da sepultura.
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